terça-feira, 16 de junho de 2015

REGIME MILITAR e os EVANGÉLICOS

APÓS 1964: O REGIME MILITAR E OS EVANGÉLICOS
Pr. Érico Rodolpho Bussinger
A História recente do Brasil não tem interesse e mesmo não conseguiria traduzir para as gerações mais novas o clima social e político existente no Brasil antes de 1964. A chamada “Guerra Fria” dividia o mundo em 2. Por um lado o chamado “mundo livre”, democrático e capitalista, que é o que existe hoje. E por outro lado o mundo comunista (também chamado de socialista), que não existe mais, a não ser em alguns poucos países, como a China, Coréia do Norte e Cuba. Isso porque o Comunismo foi “derrotado”. Seu fracasso ficou evidente. Eles prometiam igualdade, justiça e riqueza para todos. Mas quando caiu o muro de Berlim, que separava as duas Alemanhas, ficou patente para o mundo todo o fracasso do Comunismo, como alternativa viável. O Comunismo não conseguiu fazer suas promessas virarem realidade nem resolveu os problemas sociais. Pelo contrário, em todos os países que o adotaram conseguiram criar uma nova casta de privilegiados que se enriqueceram (os mais iguais que os outros). Os últimos países a adotar a mudança para o capitalismo o fazem gradualmente, como China e Cuba, mas o fazem. O mundo todo se rende ao capitalismo.
Muitos viram na queda do Comunismo uma vitória cristã. Mas ao nosso entender, os dois lados eram do diabo. Tanto o capitalismo selvagem, liderado pelos EUA, como a Economia controlada do Comunismo, eram formas diferentes para se atingir um mesmo fim. O alvo era o controle das pessoas, fosse através da força, pela ditadura do comunismo, fosse pelo dinheiro, com aparente liberdade democrática. Ocorre que a liberdade democrática leva as pessoas a serem escravizadas através do dinheiro.
O Comunismo, como promessa, ideologia e alternativa de governo já não existe mais. O Capitalismo venceu. Alguns dizem que, mesmo com injustiças sociais, a liberdade democrática é melhor do que a prometida justiça social do Comunismo, com falta de liberdade. No entanto, as novas gerações não conseguem entender o ambiente do mundo antes de 1964. O Comunismo estava no auge. A União Soviética rivalizava com os EUA em poder bélico, nuclear, econômico e espacial (chegaram ao espaço antes dos EUA). E falava grosso. E ameaçava. A História recente lhes dava razão. O que a Rússia fez recentemente com a Criméia, na Ucrânia, tinha feito antes com dezenas de países, sempre acarretando um banho de sangue em cada um deles. O restante do mundo tinha medo da União Soviética, razão que levava muitos desses países a se refugiarem debaixo do abrigo dos EUA.
O Brasil era a bola da vez em 1964. A propaganda comunista era colossal. A americana também era grande. O Comunismo investia fortunas no Brasil, com a propaganda da “Revolução”. Era a exportação da Revolução Comunista. Grande parte da população brasileira acreditava nas promessas socialistas de um paraíso aqui na Terra. Como a “cortina de ferro” era fechada e censurada, ninguém podia ir lá para verificar a verdade e voltar para dizer aqui livremente o que havia. Muitos evangélicos também acreditavam na coexistência com esse regime, através do “Evangelho Social”. Aliás, foi assim, pela infiltração entre os pastores, que a perseguição comunista aos cristãos na China conseguiu efeitos mais arrasadores que o combate direto que a Rússia fez aos cristãos.
No Brasil os evangélicos não esquerdistas se puseram a orar. Em 15 de novembro de 1963 foi proclamado um dia nacional de jejum e oração pela pátria, liderado pelo Pr. Enéas Tognini (hoje já passou dos 100 anos). Os evangélicos, apavorados, aderiram em massa. E oraram. E Deus atendeu!
Veio a Revolução de 31 de março de 1964. Os militares tomaram o poder. Inicialmente seria apenas por um curto período, até que se pudessem ter eleições no Brasil, livres da pesada propaganda comunista internacional. Mas outros interesses se levantaram. Foi-se prolongando o regime. A corrupção não acabou. Civis aderiram ao círculo de poder militar, com objetivos claros de corrupção. Os militares levaram a fama. Mas esses civis ou morreram ou continuaram nos governos seguintes (muitos estão até hoje no poder). E os evangélicos?
Durante o regime militar os evangélicos na sua maioria apoiavam os governos. E tinham liberdade. Os evangélicos aumentaram em número. E apoiavam o regime. E começaram a tirar proveito desse apoio. Evangélicos se enriqueceram. Acomodaram-se. Não oravam mais como antes. Estavam satisfeitos.
Talvez o exemplo mais claro da atuação evangélica durante o regime militar está na pessoa do seu vulto máximo na época, o pastor batista Nilson Fanini. Sua igreja crescia. Presidentes e altas autoridades eram recebidos lá. O regime militar gostava desse apoio. E como recompensa ao apoio evangélico recebido, o Governo Militar doou gratuitamente ao Pr. Fanini uma concessão de Televisão. Era coisa rara e valiosa. Mas logo logo ele a vendeu.
Em resumo, eu creio que os evangélicos gostaram e se acomodaram durante o Regime Militar. Eles também se calavam quanto às injustiças praticadas. E não entendiam de orar, pois o regime lhes era familiar. E cresciam.
Os tempos mudaram. A História não se repete. O regime militar não volta no Brasil (como os conservadores cristãos não devem mais voltar ao poder nos EUA). Os inimigos visíveis hoje são outros. O Comunismo não é mais um deles. Há outros em seu lugar. Mas a fonte de adversidade continua a mesma, Satanás e o mundo, que lhe foi entregue. Na época dos juízes na Bíblia, Deus usava cada vez um inimigo diferente para oprimir o seu povo que se desviava do caminho (amonitas, moabitas, filisteus, midianitas, etc.-Jz.2:16-18). Em nossos dias não é diferente.
O governo atual do Brasil (que não se diz comunista) para mim é um castigo novo aos evangélicos. Sua opção pelo homossexualismo, aborto, contra a família, etc. só vinga pelo fato dos evangélicos terem-se afastado de sua missão. Não salgam a terra, se corrompem mais que os demais, se envaidecem e em geral não oram (ao menos pela pátria – oram por si mesmos). Mas eu creio que os demais no Brasil não estão sofrendo tanto como os evangélicos, apesar da disfarçada “ditadura” governamental.
Como na época dos juízes, os evangélicos vão ter que orar muito agora e mudar (2Cr.7:14), para que Deus envie um novo “libertador” para nossos dias. Os militares só foram para 1964. A necessidade agora é outra!

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