HONRA A
QUEM HONRA
IRMÃ ROSE
No dia 17 de junho de 2020 completaram-se
15 anos da partida de uma serva de Deus, chamada Rose-Mary Padilha Bussinger.
Num acidente de carro em que estava ela só como protagonista, testemunha e
vítima, até hoje não há qualquer explicação humana plausível, fora da Soberania
sobrenatural de Deus. Entendeu assim o Senhor de encerrar uma carreira cristã
que já se tinha completado, deixando muitos frutos, saudade e um legado
valiosíssimo.
Tendo tido de Deus o privilégio de ser seu
esposo por cerca de 30 anos, resolvi tornar pública uma homenagem que guardava
no coração há muito tempo, a poesia de Castro Alves:
A cruz da
estrada
“Caminheiro, que passas pela estrada,
Seguindo pelo rumo do sertão,
Quando vires a cruz abandonada,
Deixa-a dormir em paz na solidão.
...
É de uma escrava humilde sepultura.
Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz.
Deixa-a dormir no leito de verdura,
Que o Senhor
entre a relva lhe compôs.
...
Não precisa de ti. O gaturamo
Geme, por ela, à tarde, no sertão.
E a juriti, do taquaral, no ramo,
Povo, soluçando, a solidão.
...
Já muito foi escrito sobre as virtudes
cristãs e pessoais da irmã Rose. Mas eu quero realçar aqui uma, talvez
desconhecida: a INSÔNIA. Ela pouco dormia. Ia dormir tarde, se levantava cedo e,
por vezes à noite atendia as crianças e fazia outras coisas. Era comum não
dormir. Uma verdadeira escrava pela insônia forçada. Em retiros virava noites
trabalhando. Madrugava. Isso, quando não passava noites geladas fazendo o serviço
de caquinhos. Quando fazíamos o programa de rádio MADRUGADA COM JESUS, a mim me
cabia a primeira hora após a meia noite. O restante ficava com ela. E quantas
pessoas eram abençoadas em todo o Brasil. Quando retornávamos, eu ia descansar
mais um pouco e ela ia trabalhar. Na madrugada seguinte a história se repetia.
Aos 51 anos de idade, filhos crescidos,
netos começando a chegar, num entardecer gelado, Deus entendeu de levá-la para
o descanso e a glória. Viveu intensamente. Não viu o tempo passar, mas o
aproveitou muito bem e deixou frutos por toda parte.
Agora eu, que conheço bem essa história,
bem como fui grandemente abençoado por essa escrava, e tenho o privilégio de
toda semana passar ao lado dessa cruz na estrada, não poderia deixar de
recordar e agradecer.
Niterói, 18 de junho de 2020. Pr. Érico Rodolpho Bussinger.