Algum “influencer” tomou o lugar do seu
pastor?
por Alex Esteves
Influenciadores digitais, também
conhecidos como influencers, são formadores de opinião, pessoas que influenciam
(daí o nome) por meio das redes e mídias sociais (Facebook, Youtube, Instagram,
Twitter, entre outras). Seu apelo é mais forte entre jovens e adolescentes,
segmento que anda sempre conectado, e que, em razão do seu estágio de
desenvolvimento, se torna mais vulnerável ao “novo”, bem como a discursos e
estilos alternativos.
Existem hoje no Youtube canais evangélicos amplamente seguidos, assim como páginas do Facebook, contas do Twitter, fontes de informação (ou desinformação) com os quais o espectador acaba se envolvendo intensamente, e de onde extrai elementos para construir seu sistema de crenças, seu conjunto de princípios, valores e ideias – enfim, sua cosmovisão.
É um dado da experiência a adesão de
muitos crentes a influenciadores digitais os mais diversos, entre os quais se
acha de tudo: bons téologos e líderes de igreja, meros especuladores,
celebridades do movimento gospel, militantes esquerdistas disfarçados
de pastores, comediantes que pensam ser pregadores, adolescentes que já se
julgam aptos a orientar multidões, falsos mestres que ganham seguidores
fomentando dúvidas quanto à autenticidade da Bíblia – a lista é grande e
diversificada.
Se, por um lado, as redes sociais contribuem muitíssimo para que se democratize a comunicação, não se pode negar um estado de franca desorientação de tantos e tantos usuários – lembre-se, caro leitor, de que estamos na Era da Informação, não na Era do Conhecimento. Além da dificuldade de compreender e discernir a origem, conteúdo e implicações do que é informado, muitos acabam reunindo, no mesmo repertório, ideias que se contradizem.
Algumas das características da Era
Pós-moderna são a falta de pertencimento, a fragmentação
das relações sociais e institucionais, o pluralismo religioso e a religiosidade
sem religião. O Homem Pós-Moderno não acredita na verdade absoluta,
e, diante de tantas possibilidades morais, filosóficas e religiosas, prefere
agarrar-se ao dogma da tolerância, para não morrer de radicalismo ou de
confusão mental. Nesse contexto, a internet exerce um papel fundamental na
configuração de um mundo em que todos têm voz (até os idiotas), e em que
sujeitos imaturos ou malignos passam a ser vistos como verdadeiros mestres para
a vida.
O relativismo ético, outro
aspecto da pós-modernidade, adentra ao meio cristão com um discurso agradável
de abertura e tolerância, um libelo contra a hipocrisia e o formalismo
religioso – quem pode ser contra esta maravilhosa bandeira? – para, logo em
seguida, plantar a semente do desprezo ao compromisso institucional, à
autoridade pastoral e à hierarquia eclesiástica, passos céleres com destino à
relativização da doutrina. E é isso o que alguns youtubers andam espalhando por meio
de vídeos bem editados e uma promessa subjacente de despertamento de
consciência.
Em geral, o pastor de igreja prega e
ensina por pouco tempo durante a semana, mas os influenciadores digitais,
sempre a postos em vídeos, “textões” ou mensagens curtas, estão dominando
mentes mais ou menos vulneráveis, mais ou menos críticas, mais ou menos
amadurecidas.
O crente multiconectado e
multi-influenciado pode até estar fisicamente no culto, mas sua alma talvez
esteja sob o “pastoreio” de algum mentor virtual. Criam-se, desse modo,
diversas “tribos” dentro da mesma igreja, sem coesão doutrinária, sem teologia
definida, sem conhecimento bíblico sistemático, sem identidade, sem firmeza na
fé e sem verdadeira comunhão.
O Ocidente vive um momento de crise de
autoridade, o que, como reflexo do espírito da época, envolve todas as
dimensões da vida: espiritual, familiar, social, religiosa, política,
internacional. Ilude-se, porém, aquele que pensa estar totalmente livre quando
rejeita as autoridades tradicionais.
No caso do mundo evangélico, é possível
que as consciências “emancipadas” pelo pluralismo virtual estejam apenas
substituindo a autoridade do pastor (e das Escrituras) pelas opiniões de alguém
cuja voz foi ampliada pelas redes, mas que não compartilha da fé herdada do
cristianismo histórico e ortodoxo.
O leitor consegue aquilatar o tamanho
desse perigo?
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