Israel muda foco da diplomacia para países do Oriente
DANIELA KRESCH

As
relações com os europeus, aliados históricos do Estado judaico, estão cortadas
devido à decisão do bloco de retirar a inscrição
"Fabricado em Israel" de produtos de empresas israelenses fabricados nos territórios ocupados
da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Colinas de Golã.
Já a
missão israelense a Abu Dhabi não será uma embaixada, mas um escritório ligado
à Agência Nacional para Energia Renovável, organização criada em 2009 com sede
no emirado árabe.
Mesmo
assim, o passo é visto como revolucionário, já que os Emirados Árabes Unidos
barram visitantes com passaportes israelenses. A única exceção é para atletas e
empresários que viajam em raros eventos oficiais.
A
decisão foi comemorada pelo jornal "Jerusalem Post". Em editorial, a
publicação afirma que o escritório em Abu Dhabi é um sinal da melhora das
relações entre Israel e países do golfo Pérsico.
Um dos motivos para a aproximação seria a oposição
de ambos ao acordo nuclear entre as potências e o Irã e o surgimento de novos
inimigos em comum, como o Estado Islâmico.

"A
diplomacia israelense precisa achar caminhos diferentes para desenvolver o
diálogo na região", disse Dore Gold, diretor-geral do Ministério das
Relações Exteriores.
acreditam que a missão em Abu Dhabi e a medida
contra a UE seriam parte da estratégia de mudar o foco da diplomacia de Israel
para o Oriente.
Os
principais alvos seriam os países moderados do Oriente Médio, China, Índia e
Rússia. "No jogo geopolítico do Oriente Médio, Netanyahu prova que ele é
capaz de atuar com sabedoria", escreveu o comentarista Nadav Haetzni no
jornal "Maariv".
"O
colapso de países e regimes e o aparecimento de monstros islâmicos radicais
estremecem todos os paradigmas que regiam esta região. As linhas que separavam
inimigos de amigos, aliados e rivais, se esmaeceram."
Mas,
para o professor Meir Litvak, da Universidade de Tel Aviv, dizer que a missão
em Abu Dhabi será um divisor de águas é um exagero.
"Há
um limite até onde os Emirados Árabes Unidos podem ir na relação com Israel
enquanto não houver um acordo com os palestinos".
Para
Litvak, é verdade que Israel também tenta se aproximar de China e Índia, mas cortar
o relacionamento com o Ocidente seria gol contra.
"Nós
é que vamos pagar o preço. Índia, China, Rússia e países regionais nunca
poderão substituir EUA e Europa como aliados de Israel, tanto financeira quanto
diplomaticamente. Quem diz isso seriamente ou é estúpido ou apenas
demagogo."
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