sábado, 9 de setembro de 2023

 

        O  CULTO A DEUS

                           Pr. Érico Rodolpho Bussinger

          Um dos primeiros princípios que o novo  cristão deve aprender  (ou mesmo antigo, mas que esteja desejando ser um verdadeiro discípulo e começar tudo de novo) é a noção de  culto a Deus.

          Em geral todo religioso cristão entende que deve “congregar” (Hb.10:25) em alguma organização religiosa cristã. A designação mais comum é o termo IGREJA. Mas algumas utilizam outras designações, como Comunidade, Ministério, Associação etc. Há inúmeras denominações religiosas que se dizem cristãs. Outras o pretendem parecer, sem contudo se identificar bem como tal. Outras nem fazem questão disso. E ainda outras o ignoram. De qualquer forma, a noção de pertencer a alguma “religião” é inerente ao ser humano, apesar de ser crescente no mundo a quantidade de pessoas que se apresentam como “sem religião”. E outros se dizem religiosos, mas sem congregar.

          A participação mais comum nas religiões é nas “reuniões” dessas denominações. A maior parte das igrejas cristãs utiliza o termo “CULTO PÚBLICO” para designar suas reuniões. Este termo é reconhecido pelas leis do país. Mas já há muitas igrejas cristãs utilizando outras designações para suas reuniões. E muitas igrejas fazem reuniões fechadas (não públicas) também.

          Nas igrejas cristãs ainda o termo CULTO continua sendo utilizado para designar praticamente todas as suas reuniões públicas. Mas há outras designações também utilizadas, como REUNIÕES DE ORAÇÃO, REUNIÕES DE GRUPOS OU CÉLULAS, REUNIÕES DE ESTUDOS BÍBLICOS, etc.

          Eu quero analisar a reunião de CULTO, embora todos os demais tipos de reuniões tenham o seu propósito também. O conceito de CULTO na Bíblia começou com o neto de Adão chamado ENOS (Gn.4:26), que começou a invocar a DEUS.  Mas na verdade o CULTO é estabelecido pelo próprio Deus, quando ao entregar a Moisés as tábuas dos 10 mandamentos, inseriu no segundo deles a obrigatoriedade de se dar culto a deus e a nada mais (Ex.20:5). O Senhor Jesus, ao responder às tentações de Satanás, resumiu e reescreveu os dois primeiros mandamentos na forma afirmativa: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele darás culto” (Mt.4:10). O primeiro mandamento caracteriza a obrigatoriedade de quem pertence ao Senhor (ou se diz cristão) de tirar um tempo todos os dias para dar atenção a Deus. Isto é ADORÁ-LO.  O segundo mandamento estabelece a obrigatoriedade de todos que pertencem ao Senhor,  DAR CULTO A DEUS. O conceito de CULTO abrange tudo que se faz e tudo que se oferece ao Senhor, em reconhecimento à Sua pessoa. Em geral coletivamente.

          No Novo Testamento, na vigência da Nova Aliança, Jesus simplificou as exigências e as formalidades da Antiga Aliança, para que o CULTO pudesse ser realizado mais frequentemente e em qualquer lugar.  “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.”  No texto de Mt.18:17-20 o Senhor Jesus fala de IGREJA, AUTORIDADE DA IGREJA E  QUORUM, com as condições para que possa ser considerada IGREJA (2 ou 3 reunidos em seu nome).

          Em At.15:16-18  o Tiago, irmão de Jesus em Maria, considerado líder da igreja em Jerusalém, interpreta a profecia de Am9:11,12 (levantamento do tabernáculo  caído de Davi) como Deus simplificando as condições para que as pessoas se reunissem em nome do Senhor, sendo, pois, consideradas igreja do Senhor. Simplicidade  e informalidade, como era o CULTO DE DAVI no seu tabernáculo. E em consonância com Jesus: dois ou três reunidos em seu nome.   Esta é, pois, a conceituação de CULTO no Novo Testamento.

          Qualquer encaminhamento do CULTO, na dispensação da graça, em direção à complexidade, formalidade, aparência, suntuosidade, centralização etc., foge do conceito neotestamentário. Porque um culto muito organizado, com muita gente, muita formalidade e liturgia, recursos de mídia e locais especiais, nunca poderia ser realizado todos os dias, em todos os lugares e a qualquer hora. Mas isto é o propósito do Evangelho, para se espalhar. E o CULTO deve acompanhar essa dinâmica de espalhamento do Evangelho. Não tem sentido evangelizar alguém sem que essa pessoa possa dar culto a Deus. O CULTO deve ir a ela. Não ela vir para o CULTO centralizado. Isso foi na Antiga Dispensação, em Israel, que tinha um templo só. Em nossa dispensação da graça, o CULTO deve ser dado no tabernáculo de Davi (simplicidade e em todo lugar) e não no templo de Salomão.

          Com esses conceitos bíblicos acima bem firmados, faço algumas observações com respeito ao CULTO:

1)      O CULTO deve ser aberto e acessável a todos que queiram dele participar e tenham o que dar a Deus;

2)      O CULTO não é de uma denominação, mas para Deus. Não deve haver exclusividade no culto;

3)      A finalidade do CULTO é estabelecer, firmar e fortalecer a ligação individual de cada pessoa com Deus;

4)      O CULTO é para Deus e não para a platéia. Não é um show. Recursos pirotécnicos, midiáticos  e eletrônicos podem na verdade, desviar o objetivo do culto a Deus;

5)      CULTO não é lugar de exortações individuais, propagandas, lições de moral ou palco para celebridades;

6)      CULTO não é célula, mesmo que realizado com poucas pessoas. É sempre para Deus;

7)      O conteúdo do culto é adoração, glorificação, louvores, votos a Deus, orações,  palavras de edificação;

8)      O CULTO não substitui  reuniões de oração, de estudos bíblicos, de células, onde se trata da vida de cada pessoa. Célula é fechada com pessoas compromissadas. Culto é aberto;

9)      O CULTO não é opcional. É mandamento do Senhor. As outras reuniões podem ser opcionais;

10)   O CULTO não elimina a necessidade de discipulado (relação individual entre o discípulo e seu líder).

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