sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Compreendendo o Arminianismo em contraste com o Calvinismo


    CALVINISMO  X  ARMINIANISMO
                                               Pr.  Érico  Rodolpho  Bussinger
     Pretendendo ajudar o cristão comum a entender as duas correntes teológicas, busquei, no mais original possível, os pontos principais onde a divergência se acentua. Procure ler e entender!

     Os Cinco Artigos da Remonstrância foram proposições teológicas apresentadas em 1610 pelos seguidores de Jacó Armínio morto em 1609, as quais discordavam das interpretações do ensinamento de João Calvino então vigente na Igreja Reformada Holandesa. Os artigos foram divisórios, e aqueles que os apoiaram foram chamados de "Remonstrantes".
História
     Quarenta e um pregadores e dois líderes do colégio estadual de Leiden para a educação de pregadores reuniram-se em Haia em 14 Janeiro de 1610, para expor por escrito, suas opiniões sobre todos as doutrinas contestadas. O documento na forma de um protesto foi elaborado por Johannes Wtenbogaert e após algumas alterações, foi aprovado e assinado por todos, em Julho de 1610.
     Os Remonstrances não rejeitaram a confissão e o catecismo, mas não reconheceram como permanentes e imutáveis a Lei canônica e os cânones de . Eles atribuíram autoridade apenas à Palavra de Deus na Sagrada Escritura e foram avessos a todo o formalismo. Eles também afirmaram que as autoridades seculares têm o direito de interferir nas disputas teológicas para preservar a paz e evitar cismas na Igreja.
     Os Cinco Artigos da Remonstrância foram sujeitos à fiscalização do Sínodo Nacional realizado na     cidade holandêsa de Dordrecht em 1618-1619. Ao mesmo tempo, Dordrecht era frequentemente chamada em inglês como Dort, o nome inglês comum ainda é Sínodo de Dort. As sentenças do Sínodo são conhecidas como os Cânones de Dort ou Cânones de Dordrecht. Estes cânones constituem o que é muitas vezes chamado de os Cinco Pontos do Calvinismo, comumente apresentados pelo acróstico "TULIP":
Eis o significado de TULIP, em inglês e em tradução comumente aceita em português:
1.    Total Depravity (Depravação total);
2.    Unconditional Election (Eleição incondicional);
3.    Limited Atonement (Expiação limitada);
4.    Irresistible Grace (Graça Irresistível);
5.    Perseverance of Saints (Perseverança dos Santos).
Os Cinco Artigos
     Os Cinco artigos de Remonstrância contrastam com os Cinco Pontos do Calvinismo na maioria dos pontos. O Artigo I discorda que a eleição em Cristo seja incondicional. Em vez disso, neste artigo os remonstrantes afirmam que a eleição é condicional à fé em Cristo e que Deus elege para a salvação aqueles que Ele sabe de antemão que terão fé n'Ele. O Artigo II defende a expiação ilimitada, o conceito de que Cristo morreu por todos. Isso contrasta com a expiação limitada do calvinismo, que afirma que Cristo morreu apenas para aqueles que Deus escolheu serem salvos. O Artigo III afirma a depravação total do homem, que o homem não pode se salvar a si mesmo da Condenação Eterna. O Artigo IV repudia o conceito calvinista de graça irresistível, alegando que a humanidade tem livre-arbítrio para resistir à graça de Deus. O Artigo V, ao invés de rejeitar completamente a noção de perseverança dos santos, argumenta que pode ser condicional ao crente permanecer em Cristo. Os escritores explicitamente não tinham certeza sobre este ponto, e era necessário que um estudo mais aprofundado fosse feito. O texto dos artigos publicados estão em domínio público logo abaixo:
                               CALVINO   X    REMONSTRANTES
·       Depravação Total
     Também chamada de "depravação radical", "corrupção total" e "incapacidade total". Indica que toda criatura humana desde a queda de Adão, é caracterizada pelo pecado, que a corrompe e contamina, incluindo a mente. Por isso, afirma-se que ninguém é capaz de realizar o que é verdadeiramente bom aos olhos de Deus. Em contrapartida, o ser humano é escravo do pecado, por natureza hostil e rebelde para com Deus, espiritualmente cego para a verdade, incapaz de salvar a si mesmo ou até mesmo de se preparar para a salvação. Só a intervenção direta de Deus pode mudar esta situação.
Artigo I - Que Deus, por um eterno e imutável plano em Jesus Cristo, seu Filho, antes que fossem postos os fundamentos do mundo, determinou salvar, de entre a raça humana que tinha caído no pecado – em Cristo, por causa de Cristo e através de Cristo – aqueles que, pela graça do Santo Espírito, crerem neste seu Filho e que, pela mesma graça, perseverarem na mesma fé e obediência de fé até o fim; e, por outro lado, deixar sob o pecado e a ira os contumazes e descrentes, condenando-os como alheios a Cristo, segundo a palavra do Evangelho de Jo 3.36 e outras passagens da Escritura.
·       Eleição Incondicional
     Eleição significa "escolha". É a escolha feita por Deus desde toda a eternidade, daqueles a quem ele concedeu a graça da salvação. Esta escolha não se baseia em nenhum mérito moral ou individual, ou mesmo na fé das pessoas que Ele escolhe; mas sim em Sua decisão soberana, incondicional, irrevogável e insondável. Isso não significa que a mesma salvação final é incondicional, mas que a condição em que assenta (fé) é concedida também pela graça de Deus, como seu presente para aqueles a quem Ele escolheu incondicionalmente
Artigo II - Que, em concordância com isso, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos e cada um dos homens (Tt.2:11), de modo que obteve para todos, por sua morte na cruz, reconciliação e remissão dos pecados; contudo, de tal modo que ninguém é participante desta remissão senão os crentes.
·       Expiação Limitada
     Também chamada de "expiação particular", "redenção particular" ou "redenção definida", significa a doutrina segundo a qual a obra redentora de Cristo foi apenas visando a salvação daqueles que têm sido alvo da graça da salvação. A eficácia salvífica do Cristo redentor, então, não é "universal" ou "potencialmente eficaz" para quem iria recebê-lo, mas especificamente designada para consolidar a salvação apenas daqueles a quem Deus Pai escolheu desde antes da fundação do mundo. Os calvinistas não acreditam que a expiação é limitada em seu valor ou poder (se Deus o Pai quisesse, teria salvo todos os seres humanos sem excepção), mas sim que a expiação é limitada na medida em que foi destinada para alguns e não para todos
Artigo III - Que o homem não possui por si mesmo graça salvadora, nem as obras de sua própria vontade, de modo que, em seu estado de apostasia e pecado para si mesmo e por si mesmo, não pode pensar nada que seja bom – nada, a saber, que seja verdadeiramente bom, tal como a fé que salva antes de qualquer outra coisa. Mas que é necessário que, por Deus em Cristo e através de seu Santo Espírito, seja gerado de novo e renovado em entendimento, afeições e vontade e em todas as suas faculdades, para que seja capacitado a entender, pensar, querer e praticar o que é verdadeiramente bom, segundo a Palavra de Deus [Jo 15.5].
·       Graça Irresistível
     Também conhecida como "graça eficaz" e "vocação eficaz", esta doutrina ensina que a influência salvífica do Espírito Santo de Deus é irresistível, superando toda e qualquer resistência. Quando então, Deus soberanamente visa salvar alguém, o indivíduo não tem como resistir a essa graça da vida eterna com o próprio Deus.
Artigo IV - Que esta graça de Deus é o começo, a continuação e o fim de todo o bem; de modo que nem mesmo o homem regenerado pode pensar, querer ou praticar qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação para o mal sem a graça precedente (ou preveniente) que desperta, assiste e coopera. De modo que todas as obras boas e todos os movimentos para o bem, que podem ser concebidos em pensamento, devem ser atribuídos à graça de Deus em Cristo. Mas, quanto ao modo de operação, a graça não é irresistível, porque está escrito de muitos que eles resistiram ao Espírito Santo.
·       Perseverança dos Santos
     Também conhecida como "preservação dos santos" ou "segurança eterna", este quinto ponto sugere que aqueles a quem Deus chamou para a salvação, e depois, à comunhão eterna com Ele (" santos ", segundo a Bíblia) não podem cair em desgraça e perder sua salvação. Mesmo que, em suas vidas, o pecado os leve a renunciar à sua profissão de fé, eles (como autênticos eleitos), mais cedo ou mais tarde, retornarão à comunhão com Deus. Essa doutrina é baseada no fato de que a salvação é obra de Deus do começo ao fim, que Deus é fiel às Suas promessas, e que nada nem ninguém pode impedir Seus propósitos soberanos. Este conceito é bem diferente do conceito usado em algumas igrejas evangélicas, de "uma vez salvos - salvos para sempre", apesar da apostasia, a falta de arrependimento ou a permanência no pecado, desde que eles tenham realmente aceito Cristo no passado. No ensino tradicional calvinista, se uma pessoa cai em apostasia ou não mostra mais sinais de arrependimento genuíno, isso é uma prova cabal de que essa pessoa nunca foi realmente salvo, e, em decorrência disso, que não faz parte do número dos eleitos
Artigo V - Que aqueles que são enxertados em Cristo por uma verdadeira fé, e que assim foram feitos participantes de seu vivificante Espírito, são abundantemente dotados de poder para lutar contra Satã, o pecado, o mundo e sua própria carne, e de ganhar a vitória; sempre – bem entendido – com o auxílio da graça do Espírito Santo, com a assistência de Jesus Cristo em todas as suas tentações, através de seu Espírito; o qual estende para eles suas mãos e (tão somente sob a condição de que eles estejam preparados para a luta, que peçam seu auxílio e não deixar de ajudar-se a si mesmos) os impele e sustenta, de modo que, por nenhum engano ou violência de Satã, sejam transviados ou tirados das mãos de Cristo [Jo 10.28]. Mas quanto à questão se eles não são capazes de, por preguiça e negligência, esquecer o início de sua vida em Cristo e de novamente abraçar o presente mundo, de modo a se afastarem da santa doutrina que uma vez lhes foi entregue, de perder a sua boa consciência e de negligenciar a graça – isto deve ser assunto de uma pesquisa mais acurada nas Santas Escrituras antes que possamos ensiná-lo com inteira segurança.

Estes artigos, assim definidos e ensinados, os Remonstrantes consideram acordo com a Palavra de Deus, tendendo a edificação, e, no que diz respeito a este argumento, suficiente para a salvação, de modo que não é necessário ou edificante acrescentar ou diminuir qualquer coisa.


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